CPIF e ASTREDF promovem live em comemoração ao Dia Internacional da Mulher

A íntegra da transmissão foi disponibilizada no perfil do TREDF no YouTube.

Live dia da mulher

Na noite de ontem (16), a Comissão de Participação Feminina da Justiça Eleitoral do Distrito Federal (CPIF) promoveu, em parceria com a Associação de Servidores do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (ASTREDF), a live Dia Internacional da mulher: Por que ainda temos tanto pelo que lutar? Nessa edição, a jornalista Karen Fontenele entrevistou a Professora Gina Vieira Ponte, autora e executora do "Projeto Mulheres Inspiradoras", que recebeu vários prêmios, entre eles o Prêmio Ibero-Americano de Educação em Direitos Humanos. A transmissão aconteceu pelo perfil da Corte no Instagram (@tredfoficial).

No início da apresentação, a professora Gina Vieira falou sobre a importância de adequar a educação às transformações tecnológicas: “Eu concordo com o Professor António Nóvoa quando ele fala que, se a gente continuar insistindo em uma educação apartada das novas tecnologias, estaremos preparando os estudantes esplendidamente para um mundo que não existe mais. Um mundo altamente tecnológico já é uma realidade, ele já se impôs. Uma educação apartada das novas tecnologias é uma educação que não forma um sujeito para a sua plenitude. É uma educação que parou no tempo e que, portanto, está saturada.”

A idealizadora do projeto Mulheres inspiradoras também destacou a importância de uma educação que fomente o senso crítico dos alunos: “Nós temos um sistema de educação bancária que reduz um estudante a objeto e que dá para ele como margem de ação copiar, reproduzir, repetir, decorar, memorizar, silenciar. E temos que caminhar para um paradigma educacional que provoque o estudante a ter uma outra margem de ação que é criar, refletir, conquistar, produzir, interagir, debater, porque tão importante quanto dizer que precisamos de uma pedagogia digital, também é importante dizer o quão importante é formar essa geração para o pensamento crítico. Porque a tecnologia pela tecnologia não traz mudança, não traz inovação e não nos ajuda a avançar nos nossos marcos civilizatórios.”

A entrevistada falou sobre como surgiu a ideia do projeto: “Eu vi que precisava levar para a sala de aula mulheres incríveis, maravilhosas, inspiradoras que pudessem provocar as meninas a enxergar outras possibilidades identitárias para si mesmas. Mas, também, que pudesse provocar os meninos a refletirem sobre o quão danosa é essa cultura que os educa a olhar para as mulheres não como pessoas, mas como objetos.”

Sobre os impactos na vida dos estudantes, Gina Vieira ressaltou: “O primeiro grande impacto foi pedagógico porque, como eu disse aqui, tudo começou em um momento em que eu tento dar uma aula, e a sala de aula era um caos. O projeto foi desenvolvido através de metodologias diferenciadas: eu trabalhei com a pedagogia de projetos, com metodologias ativas, com debates, roda de conversa, muita leitura, muita escrita autoral. Então o primeiro grande impacto foi no envolvimento dos estudantes: eles participavam ativamente, faziam sempre além do que eu pedia. Então eu senti que, quando a escola propõe alguma coisa que dialoga com a realidade do jovem e que usa uma linguagem que ele se sente à vontade, ele se envolve. Além do ganho pedagógico, teve o ganho para a vida, da transformação da cultura.”

A professora falou sobre a importância de gerar impacto social através do ensino: “Uma educação que garanta a aprendizagem, mas, para além disso, uma educação que forme pessoas que se sintam responsáveis pelo bem coletivo. Não adianta nada ter um excelente profissional que não consegue olhar para o seu entorno e pensar: eu tenho responsabilidade sobre isso”. Gina Vieira destacou, ainda, a necessidade de se combater o racismo: “É impossível falar de machismo sem falar de racismo: eles andam lado a lado. Se pararmos para pensar, o Brasil foi um país que por quase 400 anos traficou, explorou, torturou e matou pessoas negras da forma mais covarde, perversa, vil que a gente imaginar. Isso significa que deixamos de ser um país escravocrata há apenas 130 anos: é muito recente. O regime patriarcal também tem praticamente o tempo de existência do Brasil. Desde que o Brasil é Brasil, ele é patriarcal. Ele foi dominado pelos colonizadores europeus que trouxeram para o país essa lógica da subalternização das mulheres.”

Gina Vieira indicou duas obras para os espectadores: “Educar para a submissão - o descondicionamento da mulher" (Helena Gianini Belotti) e “Para educar crianças feministas: Um manifesto” (Chimamanda Ngozi Adichie). Ao final da live, a ASTREDF sorteou seis brindes para a audiência: três kits da ASTREDF contendo organizador de bolsa, copo dobrável de silicone, porta chaves para pulso, escova para limpar teclado, dois ingressos de cinema, uma air fryer compacta, uma panela de pressão elétrica e uma petisqueira.

Sobre a entrevistada
Gina Vieira Ponte de Albuquerque é graduada em Letras- Português e Respectivas Literaturas pela Universidade Católica de Brasília-UCB (2000). Pela Universidade de Brasília-UnB é especialista em Educação a Distância (2009), Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar (2011) e em Letramentos e Práticas Interdisciplinares nos Anos Finais (2015). Também pela UnB é mestra em Linguística, com ênfase em Análise de Discurso Crítica.
Atua como professora da educação básica na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal desde abril de 1991, tendo trabalhado 20 anos em regência de classe, dois anos como supervisora pedagógica e um ano como coordenadora. Também na rede de ensino do DF atuou como formadora de leitores em biblioteca escolar.
Em 2014, criou e executou o Projeto Mulheres Inspiradoras, que foi desenvolvido no Centro de Ensino Fundamental 12 de Ceilândia, em duas edições, junto a estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental. O projeto foi agraciado com 13 prêmios, sendo dois internacionais e, em 2017, em função de um acordo de cooperação internacional entre o Governo de Brasília- GDF, o Banco de Desenvolvimento da América Latina- CAF e a   Organização de Estados Iberoamericanos - OEI, foi transformado em programa de governo chegando a mais 15 escolas públicas do Distrito Federal. Gina atuou como coordenadora do programa, elaborando o desenho da formação de professores e professoras participantes da iniciativa.
A íntegra da live foi disponibilizada no canal do TREDF no YouTube. Clique aqui para acessá-la.

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